sábado, 28 de novembro de 2015


Oi, moreno, como vai você?
Faz tempo que não te escrevo, eu sei, mas é que estão sendo raras as cartas que chegam ao final, cada dia fica mais difícil de te escrever. E de escrever sobre você, também. Mas tudo bem, moreno, no fundo não é tão ruim assim, é só um sinal de que eu to crescendo, de verdade, agora. Minha vida ganhou outras inspirações, assim, desse jeito, no plural, e eu fui uma delas. Tem notado o quanto de amor próprio vêm transbordado das minhas linhas? Eu sei que você me lê, moreno, só não sei o porquê. Isso eu nunca soube, mas é outra das coisas que não importam mais. Infelizmente.

Amor Próprio


O único amor que precisamos conquistar é o próprio, os outros são consequência dele. No momento em que entendemos isso, deixamos de depositar expectativas em pequenos amores: nós somos capazes de atingir aquilo que desejamos. A gente dá xeque-mate quando aprende a sorrir sozinho, e só então ganhamos jogo. O prêmio vem com calma, a vida alarga a estrada, os passos ficam mais calmos, as quedas mais raras, os hematomas invisíveis e as cicatrizes bem pequenininhas, e então ele chega, eu juro. Você não vai estar mais esperando, ele não vai mais ser necessário, você não vai mais busca-lo em todo cara que cruzar o seu caminho, até o horóscopo vai ter ficado um pouco de lado, e é por isso que vai dar certo. Eu sei que isso demora bem mais do que gostaríamos, mas vai por mim, garota, ainda vai valer a pena. Quando ele te olhar com os olhos apaixonados, e você se perder dentro dele, e os dois se alagarem com o sentimento que vai transbordar, cada tropeção vai fazer sentido, cê vai entender que primeiro a gente aprende a andar sozinho, e depois ganhamos alguém pra segurar na nossa mão. Esse é o lado bom da parte ruim: a gente entende que não necessita de mais ninguém. O cara certo só vai aparecer no momento em que você se der conta de que não precisa dele, e é por não precisar que o amor vai dar certo.
- Gabriela Freitas.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Nova Perspectiva - ( Gabriela Freitas)



Eu engoli o nosso final e vomitei tudo o que eu sentia e ficou só uma lembrança bonita de uma história que podia ter sido a maior da minha vida, mas não foi, só ficou a saudade de um cara que quase foi tudo, mas quase não é nada. A gente não foi nada, moreno, porque a gente foi quase o tempo todo. E agora nem isso me acelera mais, fazer o que? Paciência. Todo amor acaba, hoje eu sei. Por isso vim te falar adeus, um adeus atrasado, suado, exausto e necessário. Não que eu não vá te escrever mais, eu vou, mas não vai ser sobre você, vai ser sobre quem eu queria que cê tivesse sido e já não dá mais.
Boa sorte, que eu já to tendo. Pode ser que a gente se esbarre, mas eu vou fingir que não te vi, então finge também, prefiro assim. Não é rancor, juro, nem raiva ou dor de cotovelo, eu só to me protegendo do veneno que quase me matou. Você.


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terça-feira, 24 de novembro de 2015

Não se apega Não !


Não se pega não!


Sei lá. Ela nunca soube o que escolher. Sempre foi o tipo de garota que não consegue se decidir. Que nunca se decide. Que por medo de arriscar em escolher errado, nada escolhe. Tão desinteressada, tão ela. Folheia revistas sem paciência para ler sobre a vida alheia, fala sério. Mal tem tempo de resolver os problemas da sua vidinha, vai querer saber dos problemas dos outros? Passa por todos canais da televisão procurando algo que lhe interesse. Mas nada interessa. Conversa com as pessoas e dá seus melhores sorrisos. Sempre fingindo achar graça das idiotices que escuta. Irônica e sarcástica, você nunca saberá se ela está realmente sorrindo porque gosta de você ou se ela te acha um completo idiota. Vai saber né. Indecifrável, é o que ela é.

Sempre rodeada de amigas que queriam saber como ela faz pra ser assim. Tão inatingível. Nem ela sabe porque nada a afeta. Simplesmente, ela não se importa. Nunca se importou. Talvez tenha se machucado tanto que resolveu se desligar do mundo, esquecer as emoções, dar um basta nos sentimentos. As pessoas que hoje em dia não se importam mais, são aquelas que um dia já se importaram demais. Triste? Que nada. Ela não liga se ela se tornou tão amarga e desacreditada que nada mais faz diferença. Ela só quer ser livre entende? Sem ter que dar satisfação a ninguém. Quer ser a dona de si. Dona dos seus quase sentimentos. Dos seus quase sorrisos.

Meninas normais esperam que o amor um dia bata às suas portas, ela? Espera que quando o amor bata, ela esteja ocupada demais para atender. Lendo um livro talvez, falando no celular com uma amiga.
E por ser desse jeitinho especial, ela se tornou um mistério. Um mistério que todo e qualquer homem quer (e precisa) desvendar. Afinal, o que fazer para que aquele coração bata de novo? O que fazer para que ela dê um sorriso verdadeiro? O que fazer para que ela te ligue ao menos uma vez? O que fazer para que ela não te abandone no dia seguinte? Porque ela abandonará. Você sabe.

E o mais incrível é que ela não esconde o que é. Diz pra quem quiser ouvir que ela não se importa, que ela não tem sentimentos. ''Não se apega não''. Mas como não se apegar? Como não se apegar àquele jeito meio irônico meio sarcástico que só ela tem? Como não se apegar àquele jeito descontraído, como se nada no mundo a abalasse? Não tem jeito. Quanto mais as pessoas tentam não se apegar, mais se apegam à ideia de descobrir quem é ela. Porque ela é assim.

Sabe, não é que ela seja fria, ela só não achou ninguém que a aqueça. Alguém que a faça se interessar. Alguém que a faça sentir de novo. Mas enquanto essa pessoa não aparece? Ela continua com sua vidinha, sem maiores emoções, sem grandes sentimentos e sem qualquer envolvimento. Passar bem! Foi ótimo te conhecer. Até nunca mais.

Isabela Freitas Site oficial de Isabela Freitas.
Nota: Crônica "Não se pega não!"